quarta-feira, 31 de março de 2010

Pecuária e Amazônia


A Amazônia: boi ou florzinhas?


O Acadêmico Luiz Hildebrando Pereira da Silva, 80 anos, diretor do Instituto de Pesquisas em Patologias Tropicais de Rondônia, publicou interessante artigo na revista Nosso Caminho, de Oscar Niemeyer.  Ele faz breve reflexão sobre a baixa rentabilidade da pecuária bovina na Amazônia para concluir que ela é até 100 vezes menos rentável que outras atividades como a plantação de flores. Bem, para quem não sabe a Amazônia tem 3 vezes mais cabeças de gado bovino que pessoas e 80% das áreas de florestas derrubadas são convertidas em pastagens. Curta o artigo no mais informações. È esclarecedor e muito leve.





"Oscar Niemeyer me pediu há meses um artigo sobre política de Ciência e Tecnologia na Amazônia para a revista que ele e Vera Lucia Niemeyer criaram. Tenho retardado a tarefa, um pouco por preguiça e um pouco também porque, no fundo, eu sigo o exemplo dele Oscar. Gosto de fazer e não gosto de falar sobre o que faço, menos ainda sobre o que os outros fazem ou devem fazer...




Entretanto, nas últimas semanas desse ano 2009, experiências pessoais que atravessei me convenceram de que eu tinha alguma coisa a dizer sobre políticas de ciência e tecnologia para a Amazônia. Não se trata de nada relativo a biotecnologia aplicada a tão celebrada biodiversidade amazônica, nem sobre o desenvolvimento de programas sobre tecnologias de vanguarda, como as que estamos tentando desenvolver em nosso Instituto. Trata-se de algo muito mais terra a terra, que interessa a mim mais como jardineiro decorador do que como cientista e que me levaram a experiência que aqui transcrevo.




Tudo começou com minha pretensão de criar um jardim decorativo, com flores, no condomínio da casinha em que vivo em Porto Velho. Coisa de velho saudosista. A casinha é uma das 23 de um condomínio fechado, casas térreas, com pequeno terreno na frente e algum quintal nos fundos. Há uma grande área central, gramada, onde as crianças e os jovens das residências jogam o futebol nos fins de tarde, quando voltam da escola.




Tenho tentado, sem sucesso, convencer os sucessivos síndicos a criar alguns canteiros de flores no terreno central e arborizar os entornos para criar áreas de sombra e repouso. Para que as mamães, numerosas no condomínio, tragam seus bebês para gozar o ar fresco do entardecer e os velhinhos(as), como eu e outros(as), venham bater papo e descansar. Deixar apenas pequena área de terreno para o futebol das crianças menores, evitando que as que estão crescendo transformem a área em sitio de algazarras e confrontações esportivas violentas.



Árvore e canteiro de flores são coisas fora do interesse dos condôminos. A maioria cimentou ou ladrilhou os terrenos da frente, estendendo a cobertura dos terraços, com telhados para proteger da chuva os vários carros de cada residência. Árvores então, nem pensar. Entre as únicas quatro do condomínio, conta-se uma pobre jambeira que nasceu escondida a um canto do terreno central e sobreviveu não sei como. As três outras fui eu que plantei e cuido: um ipê no jardim da frente, uma mangueira e uma cibipiruna no quintal do fundo. Eu tenho sempre assinalado aos síndicos que, se cimentarem toda a área descoberta, o condomínio vai terminar, como a cidade de São Paulo, virando piscina a cada chuva mais intensa, sem vias de absorção e escoamento para a água que cai.




Já que não era ouvido, decidi criar meu próprio jardinzinho florido. Nada muito ambicioso, apenas um canteiro de três metros quadrados para os quais fui procurar flores adequadas nas cinco chácaras de plantas decorativas que se abriram em Porto Velho nos últimos anos. Nelas as florzinhas não são prioridade. Encontra-se apenas variedade de arbustos de equissórias, nas suas versões vermelha e amarela, muito procuradas principalmente para fazer as cercas vivas de que, como as trepadeiras, os rondonienses são grandes consumidores. Preocupação dominante de sinalizar com precisão o limite da propriedade com cercas vivas e menos vivas, de preferência com arame farpado. Enfim, para isso serve a equissória. Florzinha mesmo, para fazer canteiros, muito raro.




Mas nessa lida de freqüentar chácaras, a procura das florzinhas, fui ficando conhecido dos chacareiros e, finalmente, um belo sábado, numa das chácaras, tive a boa surpresa: o chacareiro tinha encomendado em São Paulo e me oferecia 50 mudas de caroline a dois reais cada que aceitei na hora. Quando fui buscar a encomenda puxei conversa, começando por perguntar seu nome.

- Fanker, me diz ele, Herman Fanker.

O nome me pareceu de origem alemã, o que correspondia também ao fenótipo, pensei logo que ele devia ser catarinense e continuei.

- Parabéns, meu caro senhor Fanker. O senhor é dos poucos nessa terra que trata o reino vegetal de modo positivo e respeitoso. Em geral aqui os vegetais nativos são cortados e queimados. O senhor é exceção, pois produz e multiplica vegetais e os adiciona aos nativos, difundindo a representação deles entre nós. Felicitações.

- É de família, responde Fanker. Meu avô já tinha sitio em Santa Catarina e produzia rosas e orquídeas.

- Orquídeas!? digo eu. - Orquídeas em Rondônia são subprodutos das castanheiras e gravatás e tratadas a moto-serra. O senhor está cultivando orquídeas?

- Meu irmão está montando a galeria, as estufas e serras no sítio em Candeias para cultivá-las. E estamos tentando adaptar algumas colhidas na floresta. O problema é que já tem pouca floresta por perto e é preciso ir além de Guajará Mirim para achar orquídeas.

- Em todo caso, meus parabéns. E por falar nisso, quantos hectares o senhor tem aqui.

- Não chega a meio, apenas 4.800 metros quadrados.

- E quantos empregados o senhor tem?

- Oito.

- Oito empregados aqui? E no sitio do seu irmão?

- O sitio é nosso. Somos sócios. Três irmãos. O sitio de Candeias tem quase três hectares. Um hectare e meio de mata original que conservamos. Tem castanheira, gravatá, sucupira e outras. Temos até algumas seringueiras. A idéia é usar para adaptação das orquídeas e árvores floridas da mata. Temos mais seis empregados. Para produzir as mudas de plantas decorativas daqui da sede e também para a horta. Produzimos hortaliças e frutas para a família e ainda vendemos alface, tomate, pepino para um supermercado.

- Meus parabéns ainda. Quer dizer que com meio hectare aqui e mais dois e meio em Candeias os senhores sustentam três famílias e ainda 14 empregados. Eles são declarados?

Vejo que o senhor Fanker hesita um pouco... depois afirma, com ar pouco convincente

- Quase todos.

Faço rapidamente meus cálculos de cabeça: 14 empregados pagos com salário mínimo fazem 400 x 14 empregados x 13meses = 72.800 reais anuais. Digamos que dos 14 empregados seis sejam declarados. São mais R$12.400 em direitos trabalhistas. Chegamos aos 84 mil reais por ano. Arrisco perguntar.

- E o senhor e seus irmãos... vivem também dos rendimentos do sitio e da chácara?

- Meus dois irmãos eram empregados do INCRA quando chegamos. Agora, um deles pediu demissão para se dedicar às orquídeas. Só o menor continua empregado.... por enquanto.



Vejam só! Admirável! Refaço meus cálculos de cabeça. Uma família como a do senhor Fanker, que eu vejo bem vestido e bem apessoado, não pode viver sem retirar ao menos 2.000 reais mensais dos rendimentos do seu negócio. Isso faz ainda para as duas famílias, pelo menos 4 mil vezes 12, ou seja 48.000 reais. O rendimento da sitioca mais a da chacarita de flores dá, portanto, um rendimento mínimo de 130 mil reais por ano para sustento das famílias dos donos e dos empregados, sem contar os direitos trabalhistas de empregados, impostos municipais, estaduais e federais a pagar, compras de fertilizantes, sementes e agrotóxicos, mais os equipamentos de agricultura. Forçoso acrescentar ao menos 20 a 30 mil reais por ano, o que representa mais de 150 mil reais no seu total. Assombroso! Não me retenho e lanço a provocação.

- Quer dizer, senhor Fanker, que os seus três hectares de produção lhe dão um rendimento de 50 mil reais por hectare por ano!

Ele me olha surpreso e depois vejo, pelas rugas que surgem na testa, que ele também refaz seus cálculos.

- Não chega a tanto, diz de repente. Pela rapidez da resposta eu vejo que, provavelmente, me enganei para menos e não consigo reter nova provocação:

- Mas dá para viver bem, suas famílias e os empregados.

- Vai-se vivendo, vai-se vivendo, concluiu ele.

Eu continuo na minha linha investigatória.Agora me interessa comparar a atividade deles, cujo valor agregado me parece de excelente nível, com o nível de rendimento da pecuária intensiva, a grande responsável atual na Amazônia pelo desmatamento, pelos impactos e degradação ambiental. Volto correndo para casa para abrir, no computador, o sitio IBGE. O sitio IBGE é algo de fantástico. Se eu fosse o Ministro de Educação, obrigaria as escolas secundárias do país a utilizar o sitio para ensino de todas as disciplinas. Da Aritmética e Matemática até a Sociologia e a Filosofia





Chego logo ao sitio e me deleito a contemplar dados comparativos entre Rondônia e Santa Catarina. Escolhi Santa Catarina para, mais tarde, voltar a falar com meu chacareiro Fanker. É um estado rico do sul, com grande atividade agropecuária. A superfície de 96 mil km2 é menos de 1/3 de Rondônia e a população de 5,9 milhões é quatro vezes maior. Para fazer comparações será necessário sempre ter em conta esses fatores. Reduzir dados ao "per capita". Mas, isso dito, o que me interessa é comparar a rentabilidade da atividade pecuária nos dois estados e isso sempre é possível.





Começo a registrar. Segundo dados de 2007, a população de bovinos é de 11 milhões em Rondônia contra 3,5 milhões em Santa Catarina, o que dá, considerando o numero de estabelecimentos agropecuários, 137 animais em média por estabelecimento em Rondônia e 24 em Santa Catarina. Examino o item sobre Contas Regionais do Brasil e vejo que a renda da pecuária em Santa Catarina é maior que a de Rondônia. Como se pode entender isso? Que a atividade de pecuária em Santa Catarina possa ter um rendimento maior que o de Rondônia, quando o rebanho de Rondônia é 3,2 vezes maior que o de Santa Catarina? Entretanto, é o que ocorre: 1,8 bilhões de reais em Santa Catarina contra 1,4 bilhões em Rondônia.





Fuçando os dados do IBGE descubro a razão. A explicação encontra-se no item Censo Agropecuário 2007. Na multiplicidade de atividades produtivas associadas à pecuária em Santa Catarina. Para começar, a produção de leite, para um número praticamente igual de vacas ordenhadas é 2,6 vezes superior em Santa Catarina, com uma média de 2.300 litros por animal por ano contra 714 litros em Rondônia. Além disso, o número de cabeças de suínos é 26 vezes maior em Santa Catarina (6,5 vezes maior em valor per capita). O número de galinhas, de 1,7 milhões em Rondônia, é dez vezes menor do que em Santa Catarina (2,5 vezes menor per capita) enquanto o número de ovos é 18 vezes menor (4,5 vezes menor per capita). Tudo isso explica a rentabilidade menor da atividade produtiva na pecuária em Rondônia.





Além disso, os dados do Censo Agropecuário atestam carências, como a ausência em Rondônia de produção de coelhos, de codornas e de seus ovos, que são altamente rentáveis em Santa Catarina. Mais do que isso, a ausência de atividades como a relativa a mel de abelha, com a produção de 3,5 toneladas anuais em Santa Catarina e apenas incipiente em Rondônia. Assinale-se que a produção de mel, como a de oleaginosas, entre outras, tem direta repercussão em atividades de alto valor agregado na industrialização e comercialização de produtos alimentares. A caracterização está feita. Em Rondônia, grandes propriedades, criação extensiva de gado bovino e ausência de atividades que exigem mão de obra: criação de porcos, galinhas, ovos, codornas e coelhos, produção de mel. Mão de obra empregada na pecuária em Rondônia não existe. Apenas alguns peões se ocupando do gado.





Porque então insistir na produção extensiva de gado bovino? Seria ela de rentabilidade interessante? A análise de dados do Ministério da Agricultura sobre comercialização de carne permite mostrar que sua rentabilidade é extremamente baixa. O valor da carne bovina in natura, depois de oscilar abaixo de 50 reais, nos últimos anos, atingiu, antes da crise global atual, valores de 80 a 90 reais a arroba. Considerem-se dois fatos: (i) o limite de abate, determinado pelo Ministério da Agricultura, é de 16 arrobas para o animal; (ii) o gado criado extensivamente em pastagens naturais leva em média quatro anos para atingir esse peso. Nesse caso, os 11 milhões de cabeças de gado em Rondônia proporcionam um abate de 2.750 mil reses por ano, na melhor das hipóteses. O rendimento seria de 2.750 mil x 16 arrobas = 44 milhões de arrobas, que ao preço de 90 reais por arroba chega a 3,9 bilhões de reais.





Esse valor ideal da produção é, entretanto, o máximo potencial e na verdade é muito menor, devido a perda de animais, doenças, problemas de transporte etc. Mas digamos que fossem quatro bilhões de reais, o que parece muito e vem merecendo grande interesse da parte do governo federal em função das exportações. Esse total representa um valor produtivo agregado extremamente baixo. Se dividirmos quatro bilhões pela extensão de 8,8 milhões de hectares dos estabelecimentos agropecuários, chegamos ao valor agregado de 454 reais por hectare. Supondo que dos 8,8 milhões de hectares de estabelecimentos agropecuários apenas a metade, isto é 4,4 milhões de hectares sejam dedicados à pecuária bovina (e sabe-se que é muito mais), o rendimento por hectare não ultrapassaria o valor de 1.000 reais.





Neste próximo fim de semana irei buscar umas mudas de florzinhas na chácara do senhor Franker e direi a ele que me enganei. Que o rendimento por hectare da atividade dele com plantas decorativas não é 25 vezes maior que a da pecuária extensiva. É 50 a 100 vezes maior! E vou mostrar-lhe os cálculos. Se ele me perguntar como se explica isso eu vou lhe mostrar.

- Em Rondônia, seu Franker, quem tem um hectare e quer criar boi morre de fome, quem tem dez e insiste é pobretão. Quem tem 100 hectares e só precisa de um par de peões para tocar o gado começa a sair do buraco e tem uma renda mais próxima da sua. Mas quem tem 1.000 hectares fica rico. Agora, naturalmente, o valor agregado para o país é muito pequeno, não cria emprego nem distribui renda, ao contrário do que sucede com sua empresa. Por isso é que eu lhe dei minhas felicitações.





Quando eu efetivamente lhe expliquei tudo isso, no sábado seguinte, o senhor Franker ficou uns instantes entre perplexo e incrédulo. Depois de refletir alguns minutos, argumentou:

- É... mas se todo mundo se meter a fazer plantas decorativas, vai haver concorrência e baixa a renda.

- Muito bem seu Franker, o senhor está ficando craque em economia política. Mas reflita um pouco. Não é só de planta decorativa que vive o homem. O senhor já pensou no que se perde ao deixar de produzir, como o senhor mesmo disse, as orquídeas, por exemplo. Tem lugar para muita gente. As rosas que se vendem em Nova Iorque vem todas da Colômbia. Sustentam numerosos produtores. As bananas ouro também, que se vendem nos Estados Unidos e na Europa, empacotadinhas em celofane. E alem disso, já falamos no mel de abelhas. As abelhas amazônicas, como a Melípona, fazem mel muito agradável, não tem ferrão e o gosto é diferente do mel da Apis européia. Não se explora isso de maneira coerente. O senhor já sabia que comerciantes do Japão e da Malásia são os maiores vendedores de peixes decorativos. Os peixinhos coloridos de todas as formas são muitos deles originários do Brasil e da Amazônia. E as frutas tropicais, como o cupuaçu e os araçás de vários tipos. Não para vender in natura, mas com a produção de extratos, geléias, concentrados etc. Sem falar dos destilados alcoólicos. E os palmitos, e os pássaros decorativos. A policia federal vive prendendo contrabandistas de pássaros capturados na floresta. Devia-se, evidentemente, produzi-los em cativeiro para comercialização. Assim como as tartarugas, as pererecas e tudo o que se vê por aqui.





Parei por ali. O senhor Fanker já parecia cansado de tanta conversa. Vou continuar a conversa noutro fim de semana. Também, só faltava mostrar a ele que tudo isso é fruto da ignorância. E não quis assustar o homem com a perspectiva que se abre (ou se fecha) agora com a nova crise econômica-financeira mundial.




Porque a crise já chegou no boi e vai agravar a situação dos produtores. Em São Paulo, no inicio do século 20, também, todo os produtores agrícolas se meteram a produzir café. Foi tanto café que quando se deu a crise de 1929, o valor do café caiu a zero e queimou-se café nas locomotivas. Foi um escândalo mundial. E a pecuária extensiva é a que vai sofrer agora. O preço do boi, por falta de mercado, despencou e no momento que escrevo foi para 50 reais a arroba. Os frigoríficos fecham um após o outro. E o que se vai fazer com tanto boi no pasto?





A experiência da crise de 1929 talvez seja instrutiva para Rondônia e para a Amazônia. Diversificar as produções agrícolas e pecuárias. Estimular a criação de pequenos e médios estabelecimentos. Mas, para isso falta escola. Faltam cooperativas. Em São Paulo nos anos 1930, enquanto se queimava café nas locomotivas, criavam-se as escolas agrícolas, fundaram-se os Institutos Agronômicos, como o de Campinas, o Instituto Biológico e outros. O prédio da atual Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, uma das mais conceituadas do país, foi construído para ser uma escola agrícola para técnicos de nível básico e médio. Se não se criarem escolas agrícolas, escolas técnicas de Agricultura e Pecuária, nunca teremos pequenos e médios agricultores e pecuaristas competentes, capazes de desenvolver a Agropecuária moderna, dinâmica e diversificada que existe em Santa Catarina.





Os grandes estabelecimentos agropecuários de Rondônia e do Pará devem deixar as atividades de pecuária bovina extensiva, associadas à atividade madeireira de desflorestamento e degradação ambiental. Mas não devem largar a monocultura de boi pela monocultura da cana de açúcar ou da soja na espera da próxima crise."







(Revista Nosso Caminho, de Oscar Niemeyer)

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Altamira-Pará Foto Carmen Américo