quarta-feira, 7 de abril de 2010

Amazônia Protegida: Encontro das Aguas no Amazonas é tomada como patrimônio natural

Depois de muitas idas e vindas. Depois de forte mobilização de ambientalistas, comunidades e cientistas. Depois de um grande abaixo assinado, conflitos e tensões.... A Fustiça Federal "determinou o tombamento provisório do Encontro das Águas" em Manaus (AM).

Não, não. Não é o tombamento da música do Jorge Vercilo e nem do poema do Quintino Cunha (veja abaixo).

È um fenômeno que acontece na confluência entre o rio Negro, (de água negra) e o rio Solimões, (de água barrenta). Ao encontrarem-se para formar o Amazonas, estas águas correm lado a lado sem se misturar por uma extensão de mais de 6 km. Um processo físico-químico que garante grande beleza cênica ao lugar.
Isto, ajuda justificar a determinação judicial que vai  além da área do encontro, obviamente.

Trata-se de "patrimônio de relevância paisagística, ecológica, arqueológica, paleontológico, turística, científica e cultural". Ou seja, de um PATRIMÔNIO NATURAL e,  por via de consequência, a suspensão imediata do licenciamento ambiental do empreendimento denominado Porto das Lajes. A decisão liminar foi dada pela juíza da 3ª Vara Federal, Maria Lúcia Gomes de Souza, no curso da ação civil pública de autoria do MPF/AM, iniciada há cerca de um mês", informa o MPF(AM).

Por conta destas decisões, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deverá declarar o tombamento provisório para impedir que seu tombamento definito se torne inócuo. A empresa Lajes Logística S/A está impedida de realizar quaisquer atos relativos tanto ao processo de licenciamento ou de divulgação do empreendimento.
Com informações no site MPF/AM.
Em volte para apreciar o encontro.
O Encontro das Àguas
Vê bem, Maria aqui se cruzam: este
É o Rio Negro, aquele é o Solimões.
Vê bem como este contra aquele investe,
como as saudades com as recordações.
Vê como se separam duas águas,
Que se querem reunir, mas visualmente;
É um coração que quer reunir as mágoas
De um passado, às venturas de um presente.
É um simulacro só, que as águas donas
D’esta região não seguem o curso adverso,
Todas convergem para o Amazonas,
O real rei dos rios do Universo;
Para o velho Amazonas, Soberano
                                                                          Que, no solo brasílio, tem o Paço;
Para o Amazonas, que nasceu humano,
Porque afinal é filho de um abraço!
Olha esta água, que é negra como tinta.

Posta nas mãos, é alva que faz gosto;
Dá por visto o nanquim com que se pinta,
Nos olhos, a paisagem de um desgosto.
Aquela outra parece amarelaça,
Muito, no entanto é também limpa, engana:
É direito a virtude quando passa
Pela flexível porta da choupana.
Que profundeza extraordinária, imensa,
Que profundeza, mais que desconforme!
Este navio é uma estrela, suspensa
Neste céu d’água, brutalmente enorme.
Se estes dois rios fôssemos, Maria,
Todas as vezes que nos encontramos,
Que Amazonas de amor não sairia
De mim, de ti, de nós que nos amamos!…

Poeta Quintino Cunha/Foto Glauber no Link Mochileiros

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