terça-feira, 30 de março de 2010

Amazônia: no epicentro da questão ambiental global (Mark London eThomas Lovejoy )

IPAM destaca, no link , a posição de Thomas Lovejoy um dos mais respeitados especialistas em biodiversidade e presidente do Centro Heinz de Ciências, Economia e Meio Ambiente, durante o Fórum Internacional de Sustentabilidade, evento promovido pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais - em Manaus entre os dias 26 e 27 de Março de 2010. O cientista defende, na ocasião, um "esforço planetário" para restaurar os ecossistemas do mundo, em particular os da floresta amazônica.

Lovejoy, que já foi vice-presidente do WWF nos Estados Unidos, alertou para a possibilidade de algumas regiões da floresta amazônica, dentro e fora do Brasil, desaparecerem em alguns anos por causa das intervenções humanas. Ele chamou especial atenção para as regiões Leste e Sul da floresta, que atualmente são as mais afetadas pelas intervenções humanas, onde está o chamado ARCO DE DESMATAMENTO.




Neste aspecto, o cientista criticou projetos de desenvolvimento que acabam interferindo no equilíbrio do ecossistema, como a construção de rodovias e de hidrelétricas. "Rodovias causam um impacto pesadíssimo e muito sério", explicou Lovejoy. "Estradas induzem ao desmatamento. Elas precisam ser substituídas por trilhos ou por hidrovias. Isso porque, afirmou, a floresta é responsável pelo equilíbrio do clima. Ele citou como exemplo ações de desmatamento realizadas em Rondônia, com a utilização de fogo, que acabou gerando um longo período de seca na região.



Por isso, ele alertou também para a questão do desmatamento parcial, ou seja, derrubada de fragmentos relativamente isolados da floresta. Segundo Lovejoy, há impacto na biodiversidade. "Uma área de um quilômetro quadrado perde metade das espécies de pássaros em 15 anos que vivem sob o dossel da floresta."



O escritor e consultor Mark London, que também participou do debate, apoiou a idéia de ter a floresta amazônica como uma "reserva mundial". "Trata-se de uma oportunidade para o mundo participar deste processo. Se perdermos a floresta tropical, isso será uma catástrofe para o mundo todo. Logo, por que não conseguiríamos apoio mundial para preservá-la?", questionou.



No entanto, no início de sua apresentação, London elogiou as iniciativas de preservação da floresta realizadas hoje, em conjunto com as comunidades locais, como "iniciativas puramente brasileiras". "A solução tem que vir do Brasil. E a obrigação dos demais países é dar apoio como cidadãos do mundo", acrescentou.



London, que é autor do livro "A Última Floresta - A Amazônia na Era da Globalização", destacou, em sua exposição, que os projetos de preservação da Amazônia devem necessariamente incluir o povo que vive por lá. "Esta é a casa deles", disse, arrancando aplausos do público. Ele também reconheceu a dificuldade de se encontrar uma solução equilibrada para a questão da cultura de soja e da criação de gado e a preservação da floresta.



London e Lovejoy destacaram iniciativas como os projetos Juma, Mamirauá e REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). Na avaliação de Lovejoy, projetos como estes, com participações de grandes empresas realmente empenhadas com questões ligadas à sustentabilidade - e não apenas com a venda de créditos de carbono - irão atrair outras. "A importância da sustentabilidade vai aumentar exponencialmente ano após ano. É inevitável. Isso vai aumentar o interesse das empresas", afirmou o cientista.



A criatividade destas empresas seria a saída para diminuir a necessidade de projetos desenvolvimentistas que prejudiquem o meio ambiente, disse. "Empresas bem sucedidas vão enxergar e buscar as oportunidades. Tenho a confiança de que o setor privado vai se envolver mais intensamente."



O Fórum de Sustentabilidade discutiu, nos dois dias de duração, a importância de se preservar a floresta amazônica, além de alternativas ambientais e sociais para o desenvolvimento da região. Cerca de 400 líderes empresariais participaram do encontro em Manaus.

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Amazonia

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Altamira-Pará Foto Carmen Américo